Depois de 1300 casos tratados com alinhadores eu posso afirmar que, a desprogramação oclusal que acontece pela cobertura da face oclusal dos dentes feitas pelo plástico durante o uso dos alinhadores, favorece o jump mandibular, desde que você programe a maxila para “sair da frente”e liberar o caminho da mandíbula, permitindo que ela se reposicione para frente.
Diversas más oclusões de classe II deveriam ser chamadas de “Fake Classe II” porque são causadas por interferências oclusais que deslocaram a mandíbula para trás, gerando uma postura mandibular retrognática e, consequentemente, uma relação dentária de classe II em um crânio com maxila e mandíbula compatíveis com padrão I.
Historicamente, na ortodontia, sempre observei uma falta de clareza ou até “superficialidade” em ensinar as classificações das más oclusões, porque a distinção entre uma verdadeira classe II, presente em uma face com Padrão esquelético tipo II, e uma “fake classe II”, presente em uma face com Padrão esquelético tipo I, foi magnificamente ensinada pelo mestre @dinocapelozza , mas ainda passa despercebida para muitos ortodontistas da nova geração, especialmente aos que transitam nesse universo que eu amo, da ortodontia com alinhadores.
Por favor, perceba que, praticar a ortodontia alinhadores, onde buscamos mecânicas simples, não significa que vamos praticar uma ortodontia simplista. O diagnóstico continua sendo primordial e o entendimento de que não existe inteligência artificial capaz de tratar seu paciente será o divisor de águas entre os profissionais que terão sucesso e os que ficarão patinando na ortodontia digital.
O que mais amo disso tudo são duas coisas:
1. Alinhadores são os melhores propulsores mandibulares.
Antigamente, quando eu fazia a ortodontia com braquetes, eu usei muito o Forcus (3M), o PowerScope (AO), o Twin-Force e o APM, todos para potencializar o jump anterior da mandíbula nos tratamento da classe II. Agora, desde que parei totalmente de usar braquetes em 2016 e passei a tratar 100% dos meus pacientes com alinhadores, observo que o “jump” mandibular é mais frequente e visível e na prática clínica. Minha suspeita é que o recobrimento da face oclusal quase constante, causado pelo plástico do alinhador, realize a desprogramação oclusal mandibular, incentivando de maneira mais eficaz o posicionamento anterior da mandíbula*.
2. Você tem que abrir o caminho para o jump.
A parte que ninguém conta é a seguinte: logo nos primeiros alinhadores, você precisa ter programado a expansão alveolar da arcada superior e a remoção de todas as interferências oclusais que possam estar “jogando” a mandíbula para trás e, assim, “abrir o caminho” para que a mandíbula se posicione onde ela quiser. Caso o paciente seja uma “Fake Classe II”, a mandíbula vai automaticamente se reposicionar anteriormente, na posição fisiológica do côndilo, onde ela estaria desde os 12 anos da pessoa caso a arcada superior não estivesse atrésica.
Os alinhadores são os melhores propulsores apenas se isso for feito logo no início do tratamento.
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